João Bénard da Costa foi director da Cinemateca Portuguesa durante 18 anos. Eu segui o caminho das suas memórias e encontrei o seu amor pela pintura, pelas igrejas, por Proust e Musil, por Itália, cinema, Mozart e os seus amigos. Mas o que eu realmente queria era tornar presente o homem, de carne e osso, cheio de contradições, um homem livre.
[Manuel Mozos]
Um filme cinéfilo de homenagem a João Bénard da Costa realizado por quem o conheceu de perto.
O filme está pejado de citações cinematográficas, com destaque para Johnny Guitar, de Nicholas Ray, o filme de culto de Bénard, ou A Palavra, de Carl Dreyer, que serve de ponto partida para as questões religiosas e existencialistas que caracterizaram a personagem. Mergulhamos na sua infância, no baú das memórias, nas referências vastas, que não se ficam pelo cinema, viajam pela pintura (arte sacra em particular) e literatura.
É um filme habilmente montado através de arquivos, que não entra na tentação narrativa, deixa as imagens e as palavras do próprio João Bénard falarem por si.
[Fonte: Manuel Alpern, Jornal de Letras, 15 a 28 de outubro de 2014]