Entre uma casa na mata atlântica e uma fábrica de mosquitos geneticamente modificados em São Paulo, uma relação poliamorosa e não-binária procura sobreviver a uma epidemia que atravessa o Brasil. Enquanto no interior da fábrica milhares de mosquitos nascem diariamente – um exército de insetos prestes a ser distribuído pelo país –, as tensões e relações de poder entre Helmut, Calixto e Tao agravam-se. A Mordida é um filme algures entre o terror, a ficção cientifica e um drama queer.
[Fonte: Portugal Film]
SOBRE O FILME:
A Mordidaparte de uma pesquisa num laboratório de mosquitos geneticamente modificados em São Paulo, Brasil, para criar uma ficção algures entre o momento político atual e um futuro imaginado. A epidemia biológica de um vírus, vagamente baseado no vírus Zika, combatido parcialmente através de mosquitos mutantes, faz de analogia à ascensão do conservadorismo reacionário brasileiro. No laboratório os mosquitos machos são modificados, de modo a transmitir um gene letal às fêmeas e assim esterilizá-las. Entretanto, ofilme segue os protagonistas (um homem, uma mulher, uma mulher transgénero) através destas crises interligadas, tecendo associações entre perigo psicológico e terror físico, perturbações médicas e políticas, a heteronormatividade estéril do laboratório e um ataque à autonomia reprodutiva. Apesar destas tensões se expressarem nas relações pessoais entre os personagens, quer enquanto sublimação quer enquanto refúgio à crise, o filme aponta ainda assim para o espaço da intimidade como um futuro possível para lá dos constrangimentos de uma mentalidade binária, com o papel do homem corrompido pela fluidez, tanto natural quanto artificial, que o cerca.